Circula nas redes sociais que, enquanto o mundo está em quarentena, a China fez importantes negócios para comprar grandes multinacionais, como a Volvo, Pirelli, Thomas Cook e parte da Mercedes-Benz. A legenda sugere que a pandemia foi pretexto para que a China concretizasse negócios mais facilmente. Por meio do projeto de verificação de notícias, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa:
“Enquanto o mundo está de quarentena, a China compra Volvo, Pirelli, Thomas Cook e parte da Mercedes Benz. Entenderam a pandemia?”
Legenda de imagem publicada no Facebook que, até as 16h30 do dia 18 de junho de 2020, tinha sido compartilhada por mais de 11 mil pessoas
A informação analisada pela Lupa é falsa. As empresas citadas no post (Volvo, Pirelli, Thomas Cook e Mercedes-Benz) tiveram parte das ações compradas, ou foram adquiridas na sua totalidade, por empresas chinesas. Entretanto, todas as negociações foram feitas antes da pandemia da Covid-19.
A montadora sueca Volvo, que pertencia à Ford, foi adquirida em 2010 pela fabricante chinesa de carros Geely, em um negócio em torno de 1,8 bilhões de dólares. Na época, foi considerada a maior aquisição feita por uma montadora de veículos estrangeira no país asiático. A informação foi anunciada pela própria Volvo, em um comunicado enviado à imprensa. O anúncio também foi feito em diversos veículos e agências de notícias pelo mundo, a exemplo do The New York Times, Financial Times e Reuters.
Em relação à fabricante italiana de pneus Pirelli, parte dela foi adquirida pela companhia estatal ChemChina (China National Chemical Corp), empresa especializada no setor químico, no ano de 2015. O investimento correspondeu inicialmente a 26,2% das ações da empresa italiana, pertencentes à holding Camfin.
A operadora britânica de turismo Thomas Cook foi comprada pelo conglomerado turístico chinês Fosun por 11 milhões de libras, em novembro de 2019. A Thomas Cook tinha 178 anos e entrou em colapso em setembro do ano passado. A Fosun já era acionista, com uma posição superior a 18%, da Thomas Cook, segundo reportagem da Reuters.
Por último, a chinesa Baic (Beijing Automotive Group) comprou participação de 5% do Grupo Daimler, dono da Mercedes-Benz, pelo valor de 2,5 bilhões de euros, em julho de 2019. No início de 2018, a Geely (a mesma empresa chinesa que adquiriu a Volvo em 2010) já tinha comprado quase 10% de participação na montadora alemã por 9 bilhões de dólares.
Essa informação também foi checada pelo Boatos.org e Observador.
Nota: esta reportagem faz parte do projeto de verificação de notícias no Facebook. Dúvidas sobre o projeto? Entre em contato direto com o Facebook.
Editado por: Chico Marés