Postagens nas redes sociais enganam ao sustentar que as vacinas contra a Covid-19 não são capazes de conter infecção, transmissão e mortes pelo novo coronavírus (veja aqui). Todos os imunizantes em uso no Brasil hoje – CoronaVac, AstraZeneca, Pfizer e Janssen – demonstraram eficácia, qualidade e segurança adequadas ao padrão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) antes de serem aplicados na população e estudos já identificaram que o uso em massa dos fármacos é positivo para o controle da pandemia.
Esta peça de desinformação circulou no Facebook, no Twitter e no WhatsApp (Fale com Fátima).
A picada previne infecção? Não.
Apesar de uma pessoa poder adoecer após ser vacinada, é enganoso dizer que as vacinas não previnem infecções da Covid-19. A imunização reduz o risco de adoecimento e, quando aplicada em grande parte da população, diminui a circulação do vírus, ou seja, cai a chance de alguém ser infectado.
As vacinas têm uma taxa de eficácia global que indica a capacidade de reduzir as chances de alguém contrair a doença. A da CoronaVac é de 50,38% – ou seja, quem receber as duas doses pode ficar 50,38% menos suscetível à contaminação. A AstraZeneca alcança uma eficácia global de 82,4% após a segunda dose. Já o imunizante da Pfizer apresentou taxa de 95% de eficácia. Por fim, a Janssen, imunizante de dose única, tem 66,9%.
A picada previne transmissão? Não.
Ainda que uma pessoa vacinada possa transmitir o novo coronavírus, a taxa de transmissão diminui conforme mais pessoas são imunizadas. Um estudo publicado na revista científica The Lancet em 15 de setembro afirma que, como a vacina limita a infecção de Sars-Cov-2 — reduzindo a carga viral e os sintomas, como espirros e tosses, que dispersam gotículas que podem conter vírus –, os imunizantes contribuem para prevenir a transmissão da doença.
Estudos semelhantes conduzidos na Escócia, na Inglaterra e nos EUA também evidenciaram que, conforme a vacinação avança, as taxas de transmissão do novo coronavírus caem.
A picada previne mortes? Não.
É falso dizer que os imunizantes contra a Covid-19 não são capazes de evitar mortes, pois há dados que comprovam a capacidade das vacinas de evitar o agravamento do quadro da doença e a necessidade de internação. Para obter a autorização de uso no Brasil, as fabricantes tiveram que enviar documentos que informam a eficácia do imunizante para casos graves.
A vacina da Pfizer apresentou eficácia de 95,3% sete dias após a segunda dose, segundo a bula. A da Janssen varia entre 81,6% e 87,6% para casos graves de Covid-19, de acordo com a documentação enviada pelo laboratório à Anvisa.
A CoronaVac mostrou sua eficácia em um estudo com a população de Serrana (SP), que teve redução de 95% nas mortes por Covid-19 após a imunização de 28 mil adultos. Um estudo semelhante em Botucatu, com a vacina da AstraZeneca, mostrou queda de 86,7% de internações em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva).
Na Colômbia, uma pesquisa publicada pelo Ministério da Saúde e Proteção Social aponta que CoronaVac, AstraZeneca, Pfizer e Janssen protegem contra hospitalizações e óbitos de idosos a partir de 60 anos, população mais vulnerável ao vírus. Um estudo semelhante organizado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) no Brasil, que avalia mais de 66 milhões de registros, incluindo óbitos, também demonstra resultados iniciais positivos.
Não há vacina 100% eficaz, conforme o Aos Fatos (veja aqui e aqui) já explicou, e a imunidade coletiva depende de uma cobertura vacinal ampla. Renato Kfouri, médico e diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), afirma que a queda do número de hospitalizações e de óbitos diários desde o início da imunização é uma forma de ver que as campanhas de vacinação já geram efeitos positivos no Brasil.
Referências:
1. Aos Fatos (Fontes 1 e 2)
2. Instituto Butantan (Fontes 1 e 2)
3. Anvisa (Fontes 1, 2 e 3)
4. The Lancet
5. NEJM
6. Khub
7. CDC
8. Pfizer
9. CNN Brasil
10. Ministério da Saúde da Colômbia
11. Fiocruz
12. G1
CORREÇÃO: Esta checagem foi alterada às 10h de 21 de setembro de 2021 para corrigir menção ao estudo da Fiocruz. Na realidade, a pesquisa avaliou 66 milhões de registros, que incluem óbitos, não 66 milhões de registros de óbitos.