Circula pelas redes sociais que a Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador de medicamentos nos Estados Unidos, e a China teriam comprovado que a cloroquina é um medicamento “100% eficiente” no combate à Covid-19. Por meio do projeto de verificação de notícias, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa:
“(…) FDA aprovaram o uso da cloroquina como 100% eficiente na cura do Covid”
Texto de imagem no Facebook que, até às 15h do dia 1º de setembro de 2020, tinha sido compartilhado por diversas pessoas
A informação analisada pela Lupa é falsa. A Food and Drug Administration (FDA) jamais considerou a cloroquina “100% eficiente” no tratamento da Covid-19. Entre 28 de março e 15 de junho, o órgão autorizou o uso emergencial do remédio, porém essa autorização foi revogada. Em comunicado à imprensa, a instituição informou que considera “improvável” que a hidroxicloroquina e a cloroquina sejam eficazes contra a doença.
No dia 28 de março, a FDA, instituição equivalente à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) brasileira, emitiu uma ordem especial permitindo a adoção de produtos com sulfato de hidroxicloroquina e fosfato de cloroquina no tratamento de pacientes com Covid-19. Contudo, o órgão destacou que o documento não era um parecer da FDA sobre a eficácia dos remédios no tratamento da Covid-19. “Essa autorização é reservada para situações de emergência e não é a mesma coisa que uma aprovação ou licença da FDA”, disse.
Meses depois, no dia 15 de junho, o órgão decidiu revogar essa autorização. Em um novo parecer, a FDA afirmou que, com base em descobertas científicas recentes, “é improvável que a cloroquina e a hidroxicloroquina sejam eficazes no tratamento da Covid-19”. A instituição ponderou ainda que essas drogas podem causar “sérios problemas cardíacos” e que os potenciais benefícios em seu uso não superam os riscos.
A revisão da FDA se deu após a divulgação de um resultado de um ensaio clínico randomizado que mostrou que o uso dos medicamentos não resultou na redução na mortalidade da doença ou na recuperação rápida de pacientes. “Embora os ensaios clínicos adicionais continuem a avaliar o benefício potencial desses medicamentos no tratamento ou prevenção de Covid-19, determinamos que a autorização de uso de emergência não era mais apropriada. Esta ação foi realizada após uma avaliação rigorosa por cientistas em nosso Centro para Avaliação e Pesquisa de Medicamentos ”, disse Patrizia Cavazzoni, diretora interina desse departamento da FDA.
Essa é a segunda vez que a Lupa desmente informação de que a FDA teria comprovado a eficácia da cloroquina no tratamento da Covid-19. A primeira checagem sobre esse assunto foi feita em março, no início da pandemia no Brasil. Esse boato voltou a circular após a Comissão Nacional de Saúde da China decidir adotar um novo protocolo usando cloroquina.
Na semana passada, a Lupa desmentiu outro boato semelhante. Um post compartilhado no Facebook dizia que a Organização Mundial de Saúde (OMS) teria pedido desculpas e passado a recomendar a hidroxicloroquina como forma de tratamento da Covid-19. Essa informação, no entanto, é falsa.
“China (…) aprovaram o uso da cloroquina como 100% eficiente na cura do Covid”
Texto de imagem no Facebook que, até às 15h do dia 1º de setembro de 2020, tinha sido compartilhado por diversas pessoas
A informação analisada pela Lupa é falsa. A assessoria de imprensa da Embaixada da China do Brasil informou que “desconhece qualquer anúncio sobre ‘o uso da cloroquina como 100% eficiente na cura da Covid-19’ feito por autoridades governamentais de saúde” do país. Também não foi possível encontrar essa informação no site do governo chinês.
Em agosto, a Comissão Nacional de Saúde da China adotou um protocolo que usa a cloroquina como um medicamento para tratar pacientes infectados com o novo coronavírus. Embora recomendada, a comissão disse que a droga não tem sua eficácia comprovada. “Algumas drogas podem demonstrar algum grau de eficácia em estudos de observação clínica, mas não há antivirais efetivos confirmados por estudos duplo-cego e controlado por placebo”, informou a instituição. Essas informações foram divulgadas pelo jornal South China Morning Post.
Nota: esta reportagem faz parte do projeto de verificação de notícias no Facebook. Dúvidas sobre o projeto? Entre em contato direto com o Facebook.
Editado por: Chico Marés