Circula nas redes sociais um post que recomenda adicionar uma colher de sopa de água sanitária nos ralos das privadas, lavatórios, chuveiros etc, para evitar a contaminação da Covid-19 dentro de casa. Por meio do projeto de verificação de notícias, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa:
“Água sanitária nos esgotos. Por favor, adicione 1 colher de sopa de água sanitária em cada ralo das suas privadas, lavatórios, banheiras, chuveiros, lava-louças , etc … As autoridades holandesas descobriram que o vírus está crescendo e se multiplicando no sistema de águas residuais. Eles descobriram que mesmo as pessoas que estavam confinadas em suas casas pegaram o vírus e decidiram testar a água do sistema de águas residuais e encontraram o vírus Covid-19 ativo nos esgotos. Peça a todos que você conhece para fazer o mesmo.”
Legenda de imagem publicada no Facebook que, até as 13h do dia 08 de julho de 2020, tinha sido compartilhada por mais de 100 pessoas
A informação analisada pela Lupa é falsa. Embora partículas do vírus tenham sido encontradas na água, não existe nenhuma evidência de que o novo coronavírus se transmita a partir do esgoto. A publicação que circula nas redes sociais é uma tradução de posts compartilhados na Espanha.
Em nota, o Ministério da Saúde diz que não existe recomendação de que se utilize água sanitária em ralos, banheiras, chuveiros e lava-louças de residências como forma de evitar o contágio por coronavírus. “Existem estudos que apontam que o coronavírus foi encontrado em esgotos. Porém, esse tipo de detecção de partículas tem a função de mapear quais são as áreas com maior taxa de infecção pelo vírus. Assim, gestores podem agir de forma preventiva e tomar decisões em relação a medidas de isolamento social”, complementa o texto.
Um estudo de março deste ano, publicado no site MedRxiv, mostrou que cientistas descobriram partículas da Covid-19 no esgoto de algumas cidades da Holanda. O objetivo era o de identificar e monitorar por onde o vírus circulava em determinada região. “A detecção do vírus em esgotos, mesmo quando a incidência de Covid-19 é baixa, indica que a vigilância em esgotos pode ser uma ferramenta sensível para monitorar a circulação do vírus na população”, diz o estudo.
Na revista científica The Lancet, outra pesquisa, publicada em junho deste ano, analisou a água de esgoto do aeroporto de Amsterdam, depois do primeiro caso ser diagnosticado na cidade, e encontrou o vírus presente nas amostras coletadas. O estudo ressalta, no entanto, que ainda não há evidências de contaminação pela transmissão fecal-oral.
No Brasil, a Agência Nacional de Águas está desenvolvendo, em parceria com outros institutos, o projeto “Monitoramento COVID Esgotos”, nas cidades de Belo horizonte e Contagem (MG). O primeiro boletim, publicado em maio, indicou a presença do novo coronavírus em oito entre 26 amostras na primeira semana dos trabalhos de campo. Os pesquisadores envolvidos no estudo reforçam que não há evidências da transmissão do vírus através das fezes e que o objetivo da pesquisa é mapear os esgotos para indicar áreas com maior incidência da transmissão, por exemplo.
Essa mesma informação foi checada pelo Fato ou Fake e Boatos.org.
Nota: esta reportagem faz parte do projeto de verificação de notícias no Facebook. Dúvidas sobre o projeto? Entre em contato direto com o Facebook.
Editado por: Chico Marés